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Considerações sobre a aplicação do just in time na farmácia hospitalar

 

Adriano Antonio Marques de Almeida

 

 

A farmácia hospitalar tem como função precípua suprir as necessidades por medicamentos e materiais para que as atividades das organizações de saúde possam ser desenvolvidas com segurança para os clientes.


Como as despesas decorrentes das aquisições de medicações e materiais consomem algo em torno de 40 a 50% dos investimentos hospitalares, essas organizações se viram obrigadas a investir na gestão da farmácia hospitalar. Inúmeros procedimentos e controles foram desenvolvidos de modo a garantir o atendimento aos clientes e a redução desse percentual de investimento.


Com a informatização dos hospitais, essas propostas tornaram-se mais factíveis. A gestão de estoques informatizada permite que o gestor hospitalar tenha informações a respeito do consumo, das compras, dos custos, das características dos clientes, dos fornecedores, etc.


Uma das tendências atuais é exatamente reduzir ao máximo a quantidade dos estoques das farmácias hospitalares. Além dos custos de reposição, incorporam-se a estes os custos de controles, custos de obsolescência, custos de extravios, etc. Neste sentido, uma das práticas adotadas nas organizações de saúde é just in time.


O just in time surgiu na indústria automobilística e tem como pressuposto básico a reposição dos estoques somente na hora em que houver demanda para determinado produto. Transportando esse conceito para os hospitais, significa dizer que as farmácias hospitalares trabalhariam com um estoque reduzido de medicamentos e materiais capaz de suprir apenas aos atendimentos considerados corriqueiros. Quando necessária a aquisição de produtos mais específicos, seria feito contato com o fornecedor que entregaria o produto requisitado.


Decorre daí algumas considerações. O just in time já se provou eficiente na indústria onde embora não sejam permitidos atrasos na produção, não podemos nos esquecer de que nos hospitais são atendidas pessoas. Aqui um atraso qualquer pode impactar no tratamento e no restabelecimento da saúde. Dependendo do tipo de tratamento ao qual é submetido o paciente, essa entrega deverá ser quase que imediata; dependendo da especificação, pode ser que não se consiga a droga no tempo adequado.


Questões como essas devem ser muito bem avaliadas considerando principalmente as características da região onde se pretende implantar (logística), os contratos com os fornecedores, as garantias de entrega e a gestão dos riscos decorrentes da operação.


Não se trata de descartar essa metodologia que certamente contribuirá para a redução dos custos hospitalares. Recomenda-se uma análise criteriosa de todos os aspectos que envolvem adotar essa prática de modo a não prejudicar o atendimento aos setores hospitalares, pois se sentindo ameaçados diante da possibilidade da falta ou do atraso de determinados produtos, alguns setores poderão criar estoques secundários que acabarão por comprometer todo o propósito da gestão da farmácia.


Out/2012